Fator fundamental na Segurança no Trânsito
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Será que existe mesmo um veículo inquebrável como muitos defensores de algumas marcas ou países de procedência defendem?
Sem enrolação e direto ao ponto a resposta é um solene NÃO!
Nenhum veículo nacional ou importado possui resistência absoluta e à toda prova para jamais quebrar. O que diferenciam entre muitas opções de marcas, modelos e preços são fatores isolados de robustez e performance que podem entregar maior confiabilidade no uso em condições normais de trafegabilidade.
Veículos com "pegadas" para trilhas e fora de estrada (off road) normalmente de fato são mais robustos e enfrentam bravamente íngremes aclives, buracos, atoleiros, e perfis de vias rigorosamente desafiantes. Muitos desses veículos nem são licenciados para tráfego normal e devem ser rebocados ou transportados em carretas até o ponto de início de trilhas e rotas fora das vias regulamentadas.
Imagem: Hummer H1 Off Road - Crédito PNG Wing https://www.pngwing.com/en/free-png-zqjqd
Mas nem mesmo esses veículos com inclinação e projetos militares são intocáveis aos danos e quebras. A severidade do uso em muitas situações ocasionam problemas dos mais diversos e muitos deles retornam às suas bases rebocados ou sobre carretas para os devidos reparos.
Vamos nos ater ao veículo do dia-a-dia. Sim, esse mesmo que a maioria das pessoas possui em suas garagens e utiliza para ir ao trabalho, passear, locomover-se numa viagem de férias ou negócios. conduzindo familiares ou não, esses veículos são a disparada maioria na frota e é sobre eles que vamos comentar o aspecto da manutenção!
O ZERO QUILÔMETRO
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Motivo de alegria e conquista, poucos privilegiados na sociedade dão-se ao luxo de comprar um veículo zero km. Os altos custos dessa compra afastam potencialmente a maioria da população que encontram nos usados que são chamados de seminovos mesmo que tenham 30 anos de vida (coisas da força do mercado nas vendas).
O Ciclo do Zero km
Assim que um veículo 0 km sai da revendedora, o proprietário inicia uma etapa de uso do veículo onde tudo flui com total prazer e nenhuma preocupação, ao menos em tese.
O veículo possui todos os seus componentes e agregados novos e dessa forma em perfeitas condições, sem ruídos, a suspensão não oferece nenhum "creck creck", o motor responde rapidamente às acelerações e frenagens. Como dizem os felizes motoristas, "só alegria"
A partir dos primeiros metros do veículo transitando nas vias públicas, todo o conjunto de peças e componentes começam a movimentar-se e ao mesmo tempo desgastar-se, mesmo as eletrônicas as quais não são compostas de parafusos e sim de semicondutores ,circuitos impressos, sensores e atuadores.
Se alguma anomalia ocorrer nesse início das atividades do veículo, a garantia do fabricante responderá pelos reparos e substituição dos componentes avariados, até determinada quilometragem ou tempo de uso em meses ou anos. Essa questão nem sempre é resolvida de modo amigável e muitas vezes são motivos de algumas contendas entre o proprietário e a revenda e em alguns casos é necessário acionar a Justiça para fazer valer um Direito líquido e certo. Mas isso é outra história.
Analisando que tudo transcorra dentro da normalidade, o veículo novo deve passar por revisões periódicas por km ou tempo, assegurando a validade da garantia. Essa garantia varia em tempo e km conforme as marcas e modelos. Podem ser de 10.000 km ou um ano até 6 anos e sem limite de km e é bom saber que existem detalhes cobertos e não cobertos pelas garantias.
Itens de desgastes previsíveis, tais como pneus, baterias, correias, estofamento, filtros, lubrificantes, líquidos de arrefecimento etc, não fazem parte dos itens garantidos.
Para que a garantia tenha validade até o final do prazo, é obrigatório que as revisões periódicas sejam efetuadas numa concessionária da marca sob pena de perda no caso de ignorar a revisão ou fazer em local não autorizado.
FINAL DA GARANTIA
A partir desse estágio, a manutenção do veículo corre por conta e risco do proprietário e por essa razão, entra aquela máxima dos "veículos inquebráveis"
Devido a robustez e boas condições do veículo que ainda é quase novo mas sem a cobertura da garantia do fabricante, muitos proprietários entendem que basta efetuar as trocas de óleo e filtros e pneus novos que o veículo não quebra nunca, é para a vida toda!
DESGASTES PROGRESSIVOS
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A degradação dos componentes do veículo ocorre desde os primeiros km rodados e tende a agravar-se quanto mais km rodados e tempo de uso, quer pelos desgastes mecânicos de atritos e deterioração de componentes.
Pneus
Bateria
Fluidos
Cabeamentos
Filtros
Pastilhas e lonas de freios
Sistema de Embreagem
Correias de acessórios e sincronizadoras
Rolamentos
Retentores
Lâmpadas
Faróis e Lanternas
Palhetas do limpador de parabrisa
Velas de ignição
Estofamento e revestimentos
Pintura e plásticos
Borrachas diversas
Sistemas inteiros como a suspensão e direção podem ficar comprometidos devido peças fundamentais se desgastarem ou quebrar e por isso afetar o comportamento do veículo. Essa condição de risco pode levar à perda do controle do veículo e ocasionar um acidente.
Não são apenas a suspensão e direção os afetados. Sistema de freios, da geometria do veículo com desalinhamento, motor com falhas e embreagem deficitária, por exemplo, podem imobilizar o veículo ou desgoverná-lo em marcha.
Os conceitos até aqui comentados de certo modo valem para motos e veículos pesados.
CONTINUAÇÃO DA MANUTENÇÃO
A exemplo da aviação, uma aeronave comercial pode ter 40 anos de vida porém voa como se fosse recém saída da fábrica, salvo algumas facilidades de aero navegabilidade exclusivas às gerações mais novas de aviões.
As intervenções de manutenções são feitas conforme os ciclos (pousos e decolagens) devido as fadigas estruturais e horas de voos acumuladas. Os detalhes das manutenções chamadas de check A, B, C ou D, demandam maiores complexidades e tempos de intervenções nas oficinas homologadas. A Inspeção D, a mais complexa pode demorar 21 dias para um avião comercial ser revisado, pois a cabine é totalmente desmontada para certificação da integridade estrutural. Obviamente isso gera um custo muito elevado que pode até condenar uma aeronave ao sucateamento antes mesmo de ser submetida à inspeção.
Mas e os nossos carros?
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O ideal seria que a concessionária da marca continuasse a revisar o veículo até o final da vida útil do mesmo, substituindo peças e componentes por outras originais e assegurando assim que a integridade do veículo seja mantida.
Ocorre que por motivos econômicos, praticamente nenhum proprietário visita mais uma concessionária após o término da garantia. Alegando valores abusivos cobrados por horas de serviço e valores das peças, fogem dessas concessionárias e somente se preocupam com manutenção quando o veículo apresenta algum defeito (manutenção corretiva) e nesses casos procuram uma oficina de amigo ou ao acaso.
Os mais precavidos, fazem um manutenção preventiva em oficinas um pouco mais estilizadas e aparelhadas e tentam manter seus veículos em melhores condições de uso e segurança.
A COMPLEXIDADE DAS MANUTENÇÕES
Há algumas décadas bastava um experiente mecânico com seu alicate e chave de fenda aliados à sua competência para consertar qualquer veículo. A troca de peças era feita como brincavam eles com os termos "martelômetro" e "talhaderímetro" como instrumentos de precisão para resolver qualquer desafio. E até que funcionava, em termos.
Os veículos atuais praticamente nem mais têm os motores à vista, ficando ocultos sob uma grande carcaça plástica em meio à diversos componentes todos juntos numa massa sem espaço para sequer enxergar alguma coisa, quanto menos para colocar a mão em uma peça.
Sensores, atuadores e partes eletrônicas são mapeadas por aparelhos computadorizados que fazem a leitura e entregam um diagnóstico de falhas em questão de segundos, porém os reparos podem demandar horas, dias e semanas pela falta de peças e principalmente pelo mercado de pirataria e procedências ilícitas de peças no mercado.
Outra questão é a capacitação de um mecânico ou uma oficina para atender às diversas marcas e modelos de veículos. Não há mais espaço para aventureiros e isso remete muitos proprietários para repensar até mesmo em manter o seu veículo ou vender e partir para outro novo ou mais novo.
TRANSFERÊNCIA DA RESPONSABILIDADE
Um veículo nessas condições de manutenção acumulada é passado ao mercado e oferecido para venda através de lojas espalhadas na cidade e até mesmo na rede das concessionárias, que recebem o usado de qualquer marca para abater o valor de um zero da sua linha.
Quem adquire um veículo usado recebe uma garantia de curta duração e pouca abrangência de cobertura (motor e câmbio) por 3 meses ou 3.000 km, normalmente.
Obviamente o veículo possui a necessidade de ser submetido à uma verdadeira revisão e demandará um valor muito elevado para colocá-lo em ordem de segurança e integridade.
UM CENÁRIO DE DIFÍCIL ENTENDIMENTO
A falta de uma política pública que regulamente a manutenção de veículos no país, expõe a sociedade aos riscos de acidentes devido a circulação de automóveis, motos e veículos pesados sem condições mínimas de segurança. Até mesmo as vistorias veiculares anuais para renovação do licenciamento, no Estado de SP, foi interrompida devido denúncias de irregularidades nas licitações.
Crédito: jusbrasil.com.br
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS?
De acordo com Paulo Sousa do Portal da TAKAO DO BRASIL PEÇAS AUTOMOTIVAS, (http://site.takao.com.br) com sede na cidade da Serra, ES e ampla rede de Unidades em mais de 16 Estados do Brasil, através do Blog e E-books altamente detalhados, explica que é fundamental estimular aos proprietários de veículos pela realização da manutenção preventiva.
Isso obviamente pode haver um apelo comercial, pois manutenção significa praticamente evidente a substituição de peças e componentes, além da mão de obra que juntos totalizam valores expressivos, porém, é também um apelo além do aspecto financeiro. A vida útil do veículo aumenta e traz consigo maior segurança pelas inspeções realizadas.
A Takao explica ainda que muitas pessoas associam manutenção com valores elevados, porém ao final das contas, economizam dinheiro com a prevenção não afetando os demais componentes quando a revisão detecta uma necessidade específica.
Crédito: qualidade.takao.com.br
Diz ainda a Takao:
"As estradas brasileiras colaboram para desgastes maiores em várias peças do carro. O sistema de suspensão pode ser facilmente danificado em casos de queda em buracos e estradas sem pavimentação, por exemplo. A manutenção desses componentes faz com que amortecedores, por exemplo, possam ter uma durabilidade maior.
Pouca gente entende, porém a falta de manutenção preventiva é um dos principais motivos de acidentes com veículos. Ela é uma forma econômica e eficiente de manter o carro em bom estado, impedindo que situações desagradáveis e sérias venham a acontecer.
A manutenção preventiva objetiva a correção de possíveis falhas e problemas antes que eles ocorram. Um carro sem manutenção também costuma ter gasto maior de combustível, apresentar desgastes de motor, pneus, rodas, freios e uma série de componentes valiosos para a segurança de motorista e passageiros."
RESPONSABILIDADE SOCIAL
A ideia de usar um veículo sem os devidos cuidados da manutenção no propósito de "passar ele para a frente" ao atingir determinado tempo ou quilometragem somente faz sentido na mesquinha economia de dinheiro, isso se o veículo repentinamente não tiver um motor ou transmissão danificados pela irresponsabilidade.
A questão é mais abrangente, pois transferir a obrigação da manutenção a terceiros e muitas vezes ocultando um problema conhecido por má fé, é ludibriar a transparência como cidadão. Isso pode levar uma pessoa a um acidente ou grandes prejuízos levados pela crença de ter adquirido um veículo bonito por fora mas "podre" internamente.
Como já afirmei sobre as garantias, mesmo que esse veículo seja comercializado por lojas de revendas e até mesmo concessionárias da marca, passados 3.000 km ou três meses eles não mais respondem em garantia e cabe ao novo proprietário providenciar às suas expensas os devidos reparos.
Isso não é uma realidade exclusiva no mundo automotivo. No mundo capitalista agressivo, há uma significativa parcela na humanidade que tendem a levar vantagens ilícitas ou ao menos, imorais em prejuízo às outras pessoas. Se o problema fosse limitado ao aspecto monetário já seria ruim, porém agrava-se com os riscos de acidentes devido a falta de manutenção e cuidados técnicos compatíveis com o veículo.
COMO ADQUIRIR UM VEÍCULO USADO SEM RISCOS?
Eu arriscaria dizer que não há forma segura em nenhuma transação do mercado, exceto quando há comprovação das manutenções e ainda melhor com conhecimento da pessoa que está vendendo o veículo.
Veículos realmente seminovos que saíram da garantia há pouco tempo, os riscos realmente são menores, porém deve-se estar convicto que o hodômetro não tenha sido alterado para driblar criminosamente as reais km do veículo.
As vistorias veiculares mais profundas, não aquelas exigidas pelos DETRAN mas sim as periciais são boas formas de reduzir riscos de fraudes. O problema é que o vendedor concorde com isso. Da mesma forma, uma inspeção por mecânico de confiança que também reduz as chances de fraudes ou omissões, mas é complicado para um mecânico fazer um diagnóstico em minutos dentro do ambiente de uma loja revendedora.
Grana curta
A compra de um veículo usado normalmente enxuga todas as reservas financeiras para realizar o sonho muitas vezes retido anos a fio devido os altos custos praticados no mercado.
Isso direciona muitas pessoas a empregar o total de seus recursos na busca pelo carro mais novo possível pagando à vista ou encarando um financiamento cujas mensalidades afetarão em muito o orçamento familiar.
Todo mundo tem seus direitos em alcançar os sonhos retidos, mas a dica que requer sangue frio é não se deixar levar pela emoção e influências de vendedores ou mesmo da família. Analisar o quanto custará a aquisição do veículo mais as despesas inerentes à compra e a manutenção, podem levar o feliz proprietário ao desespero quando encarar uma manutenção.
Supondo uma revisão acumulada de 50.000 km, a quantidade de itens que devam ser substituídos podem facilmente alcançar valores inimagináveis. Como exemplo, um carro que custou R$ 45 mil, numa revisão criteriosa que envolve aspectos da manutenção preventiva e corretiva, resultar numa despesa de R$ 8.000 facilmente. Isso é quase 20% do valor da compra e que não está previsto na garantia.
Sendo o novo proprietário uma pessoa responsável, negociará um financiamento dessa manutenção e adicionará mais encargos ao já apertado orçamento familiar ou então, usará aquela saída equivocada em "fazer só o indispensável", postergando para o futuro os reparos não procedidos. Essa última opção é de risco pois o veículo é um conjunto de componentes que se interagem e deixar a manutenção só agrava e encarece os custos além de afetar o desempenho e a segurança.
Não é uma má ideia limitar a compra de um veículo a um ou dois anos mais antigo para que possa haver provisionamento da manutenção completa. Isso aliviará o bolso com despesas além do orçamento.
COMPREI UM USADO E AGORA É SÓ RODAR...
Eu recomendo que de posse do veículo, agende uma revisão cautelar numa boa oficina que analisará cada componente e o comportamento do veículo em percurso. Com um laudo de itens que merecem substituição ou reparos, o veículo estará mais seguro.
Outro item importante é desmontar os 4 pneus mais o estepe para certificar-se de que as rodas, pneus e bicos estão perfeitos, sem cortes ou danos que ofereçam riscos ao trafegar. Após a remontagem, aproveitar para fazer rodízio, alinhar e balancear todas as rodas. Aproveite e substitua palhetas do limpador de parabrisa e vidro traseiro.
Agradeço pela leitura e deixe seus comentários, experiências vividas com carros usados, dicas e sugestões.
Sou grato também ao amigo ROGERIO PIERANTONI, comandante de aeronaves comerciais de grande porte em diversas companhias no Brasil, Ásia, Oceania e Oriente Médio, pela gentileza de sua mensagem sobre Segurança no Trânsito postada logo abaixo.
Um forte abraço
Thyrso
NO TRÂNSITO, ESCOLHA A VIDA!
Rev.1 - 06/2023
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