O amor como indutor de boas energias
Acalme-se prezado leitor, não alternei meus objetivos na Segurança no Trânsito para Conselheiro Sentimental!
O que pretendo explorar é que a palavra amor é muito difundida e nem sempre praticada efetivamente, além da família, ao próprio indivíduo. Não estou me referindo a um emoji de dois corações que representam uma parceria de amor.
Bem, pode ser sim, faz parte do contexto, mas o amor que nos eleva e nos tornam mais sensíveis está muito além desses limites elementares nas relações interpessoais.
A palavra amor é muito difundida, é tema de eventos e datas, usada no apelo de marketing e felizmente, prevalece na maioria das famílias que se mantém unidas. Muitas pessoas amam tão intensamente a um outro ser que esquecem de si, descuidam da autoestima.
Mas o amor realmente constrói e caminha ao lado e em compasso com a segurança no trânsito. Quem ama de fato, sua família, seus amigos, suas crenças, seus ideais, seu trabalho, normalmente é mais sensato, é cauteloso e respeita as Leis, os regulamentos, os limites de uma máquina, as restrições de uma via.
A frase de para-choque de caminhão que diz “só o amor constrói” de fato faz muito sentido. Refletir sobre os seus valores mentalmente numa hora de ira, rapidamente acalmará seus ímpetos de agressividade, por mais ásperos que possam ser.
Agora com ênfase à Segurança especificamente, talvez transpareça um certo exagero, mas nutrir o amor pela profissão como motorista é manter o equilíbrio para discernir nos bons momentos e também quando as decisões forem desafiantes. Mesmo que a sua profissão não seja dirigir veículos, no momento em que o fizer, dedique amor nas ações.
Deixo bem claro que não me refiro ao amor pela máquina, idolatrar um carro, comum a muitas pessoas que estabelecem uma relação afetiva exagerada e transformam o carro como sua razão de vida. Falo pelo amor dedicado naquele momento, representado pela bondade, gentileza e cortesia com os pedestres, com outros motoristas e respeitoso com a Lei.
Não há de minha parte objeções por acariciar seu carro, seu caminhão, equipá-lo com bons acessórios, som, polir, encerar, lavar, faz parte do impressionismo cultural e social que os psicólogos podem explicar como linha de afeto com o inanimado a compensar as faltas e a "condescendência plena" do veículo como se fosse uma parceria, enquanto sua parceria real pode se irar pelos exageros (...)
A bem do esclarecimento, quando se ama o que se faz, normalmente se produz um resultado perfeito. Não se faz obras artísticas com um carro mas, concluindo sua atividade na direção sem ocorrências já é um resultado a celebrar.
O Comandante Omar Fontana, quando era Presidente da Transbrasil, pilotava alguns dos aviões da companhia e na cabine era normal ele " conversar" com o avião. Murmurava palavras técnicas e acariciava o painel de instrumentos antes do pouso.
Dizem os mais próximos que conviveram com ele que isso era uma espécie de sintonia espiritual para a sinergia homem x máquina resultar num voo irretocável.
Ainda no campo da aviação, um grande líder comandante de aviões de grande porte na Ásia, confessa que dialoga com o seu 777 enquanto voa. Isso faz com que ele aperfeiçoe sua técnica e assim sente as reações reais da aeronave tamanha é a prática de anos no comando. Não seria estranho se esses dois fossem taxados de malucos, mas ambos marcaram e marcam sua trajetória de vida com extremo amor à arte do ofício ao qual se dedicaram.
Porque seria diferente um motorista de ônibus de longo percurso estabelecer uma sintonia assim, espontaneamente e vibrando pelo amor de preservar a vida de seus passageiros que dormem confiantes sabendo que chegarão aos seus destinos sãos e salvos?
Para resumir a relação do amor com o Trânsito, imagine o motorista de uma ambulância UTI móvel que com extrema habilidade e dedicação alcança o hospital em meio a um trânsito extremamente congestionado. Pelo rádio a equipe a bordo vai cuidando do paciente e na chegada ao hospital uma equipe prontamente acolhe a pessoa e salva a vida dele graças ao trabalho de uma equipe que tem amor pelo que faz. Se ainda não se convenceu, pense nos bombeiros, SAMU, e policiais; sim, os policiais que nem sempre são bem interpretados, arriscam suas vidas pela nobre causa do amor pela sociedade.
Até o próximo tipo de temperamento!
Thyrso Guilarducci
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