Fatores de Riscos
Alguns fatores são potenciais causas para os riscos na Segurança no Trânsito.
Diante disso vou detalhar alguns itens e focando um pouco mais os veículos pesados.
De acordo com a OMS Organização Mundial de Saúde, Roadcard, DETRAN/PR e diversos outros organismos ligados ao assunto, de um modo geral nove fatores compõem a lista:
1 - EXCESSO DE VELOCIDADE;
Assunto exaustivamente debatido, a velocidade, figura como uma das principais causas de acidentes graves no país e no mundo. O desrespeito às regras e sinalizações das velocidades máximas permitidas ocasionam acidentes com elevadas proporções com perdas de vidas e feridos graves.
A velocidade mais segura não pode ser aplicada como a máxima apontada na sinalização ou mesmo pela Legislação no CTB Código de Trânsito Brasileiro.
Ocorre que a velocidade pode ser mais ou menos arriscada conforme os fatores e componentes que envolvem a estabilidade do veículo.
Comecemos pela aderência: em pistas molhadas, normalmente pelas chuvas, o veículo tende a derrapar nas curvas e frenagens. Mesmo os carros modernos com controle de tração e de estabilidade, a lâmina de água sobre a pista pode ser uma armadilha para que o veículo seja desgovernado. Por outro lado, uma pista seca, em reta e com boa visibilidade, não há restrição em manter a velocidade máxima.
Outro fator que compromete a velocidade são os estados dos pneus e da suspensão do veículo. Pneus gastos abaixo do limite legal que é de 1,6 mm de sulco além de ser proibido o uso (infração de trânsito) eles não possuem sulcos suficientes para drenagem e escoamento da água e na velocidade causam as temidas aquaplanagens. O veículo perde o contato dos pneus com o solo e desliza como esquis sem controle do motorista. Se for numa reta basta retirar o pé do acelerador sem frear que aos poucos a tração e direção é retomada.
Mesmo pneus muito próximo do limite legal dos sulcos, 2 mm por exemplo, já não oferece mais a aderência como um pneu novo ou com 3 mm acima de sulco. Além da questão da profundidade do sulco, há ainda a qualidade e flexão dos pneus. Após 5 anos de vida, tendem a ser mais rígidos e inseguros, além de desconfortáveis para uso normal, uma vez que os pneus são complementos da suspensão do veículo.
Veículos com o CG - centro de gravidade elevado como Vans, camionetas, SUVs, ônibus e caminhões são mais propensos ao tombamento. Esses veículos exigem bem menores velocidades nas curvas.
Uma carreta quando carregada com vigas ou chapas de aço tem o CG baixo e isso torna o veículo menos propenso a tombamento enquanto uma carga de produtos mais leves na densidade, como calçados, eletrônicos, confecções, brinquedos etc, costumam encher um caminhão ou carreta até a altura máxima. Com isso, o CG se eleva e a possibilidade de tombamento é maior.
Alguns acidentes devido a velocidade, muito comum, são ocasionados aos veículos pesados (caminhões e carretas) que vêm na velocidade da via, normalmente 90 km/h e ao entrarem numa alça de saída da pista para acesso a outras vias, não reduzem sensivelmente a velocidade. Talvez até haja uma placa de 40 km/h mas é muito.
Mesmo dentro da Lei, manter essa velocidade numa curva acentuada, a força Centrífuga vai empurrar o veículo para o lado de fora da curva e como os pneus dos pesados normalmente não derrapam no seco, acabam por tombar.
Como regra de segurança, os Norte Americanos atribuem a velocidade nas rampas de entrada e saída de rodovias como 50% do valor indicado nas placas. Onde consta 40 milhas é recomendado manter 20 milhas. O mesmo exemplo pode ser aplicado conosco, em km logicamente. Se a placa marcar 40, usar 20.
O excesso de velocidade além dos limites legais, é infração de trânsito que pode ser grave ou gravíssima e é uma grande possibilidade de ocasionar acidentes de sérias proporções. O veículo submetido a velocidades excessivas torna-se menos aderente ao solo e até o vento influencia no seu comportamento. Tenha muito cuidado em dia de ventos laterais, principalmente veículos altos e caminhões baús e siders quando vazios.
A experiência e o bom senso contam muito na hora de avaliar uma via. Chuva, neve, gelo, sujeira, areia, tipo do pavimento, tudo isso são fatores que somados ao tipo do veículo e sua carga formam um resultado de desempenho que o condutor sabe o limite seguro para não perder o controle.
Questão da Lei
As penalidades para velocidades acima da máxima possuem escalas que se agravam na proporção do excesso. Veja no quadro abaixo a possibilidade de ser envolvido num crime de trânsito com certa facilidade se não respeitar a sinalização, as condições e o local.
2 - BEBER E/OU INGERIR ÁLCOOL, DROGAS LÍCITAS* E ILÍCITAS E DIRIGIR;
(*) Para começar esse tema tão polêmico, prontamente vou esclarecer o título abordando drogas lícitas. Não se trata de um paradoxo ou erro do legislador. No caso, a ingestão ou aplicação seja por qual método for de substâncias que causem dependência é por si uma infração gravíssima de trânsito e pode constituir-se em crime de trânsito.
A droga lícita por si só ao se fazer uso não é um ato infracional ou crime, porém a associação de alguma droga que cause dependência e demonstre visualmente que o condutor esteja alterado por pelo menos dois sinais previsto na Resolução 432/13 Anexo II do CONTRAN é suficiente para configurar crime de trânsito com prisão em flagrante, ainda que o condutor apresente uma receita comprovando que a droga não é produto de tráfico.
É como numa suposição algum médico orientasse ao paciente tomar 3 latinhas de cerveja para se acalmar. O médico pode até imaginar que seria um tranquilizante, mas não pode conceder o direito de dirigir veículos ao mesmo tempo. A mesma coisa ocorre com os medicamentos que afetam o comportamento do motorista. Normalmente constam nas bulas os efeitos colaterais e alertam para não operar máquinas e veículos sob efeito da droga.
Há uma boa razão para isso. Imagine um tranquilizante que na gíria chamam de "sossega leão" que faz o usuário relaxar totalmente e isso pode acontecer a qualquer momento após a administração. Imagine se o motorista perca os sentidos numa via a 80 km/h (...)
Sobre os efeitos conscientes de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas, os problemas físicos e implicações com infrações gravíssimas de trânsito e crimes penais são muito extensas e de relativa complexidade, motivo que me levou a redigir quatro posts exclusivamente sobre o assunto. Eles serão publicados logo a seguir.
Em resumo, evite a todo custo consumir bebidas alcoólicas e/ou uso de substâncias químicas ao dirigir. As consequências realmente são muito sérias!
3 - NÃO USAR CINTO SE SEGURANÇA INCLUSIVE PASSAGEIROS DOS OUTROS BANCOS;
O cinto de segurança demorou muito para que alcançasse o estágio de nossos dias. A maioria das pessoas, motoristas e passageiros, colocam o cinto instintivamente nos veículos. Apenas os passageiros dos bancos traseiros ainda precisam assumir essa postura de preservação de vidas fazendo o mesmo.
O uso do cinto de segurança, embora praticamente ninguém mais tenha dúvidas sobre os benefícios por utilizar, ainda alguma minoria descuida desse item não somente obrigatório por Lei, mas excepcionalmente recomendado pela sua eficácia em caso de algum acidente.
Utilize e obrigue a todos os passageiros que também façam o uso do cinto. Cuidado em subestimar que um pequeno percurso de um quarteirão apenas não seja necessário usar o cinto. Além de infração de trânsito, uma pequena colisão a 20 km/h se não estiver com cinto, pode resultar em sérios ferimentos aos passageiros e motorista.
Importante: nunca utilize clips ou presilhas que travem os cintos. Isso afeta o desempenho e a folga criada artificialmente pode causar ferimentos ou fraturas no tórax pelo efeito de projeção e contenção abrupta. Esse movimento inercial em caso de uma colisão e agravado com o airbag em sentido contrário poderá atingir a face e causar fraturas faciais ou até mesmo um óbito dependendo da intensidade.
4 - COMBINAÇÃO DO USO DE CELULARES E DIREÇÃO;
Assim como a questão do álcool e drogas impacta ofensivamente nas questões da Segurança no Trânsito, o uso de celulares e aparelhos eletrônicos enquanto dirige afeta sensivelmente a capacidade de manter o foco no ato de dirigir.
As distrações de modo geral são de elevados riscos para uma direção segura. Com os modernos smartphones recheados de funções, utilizá-los ao mesmo tempo que dirige provoca uma distração cognitiva muito séria. De acordo com especialistas na área, a pessoa vê mas não enxerga. Essa demora na formação da visão e a construção cerebral da imagem com o retorno de um cenário real demanda muito mais tempo, suficiente para atropelar um pedestre, animal ou mesmo evitar uma colisão.
Já foram feitos estudos científicos que comprovam que uma pessoa usando celular enquanto dirige não mantém seu veículo numa trajetória racional como os demais ao seu lado. Ele instabiliza o alinhamento na faixa, anda mais devagar, demora para sair quando o semáforo abre, enfim, possui ações retardadas que são logo visíveis.
A lei endureceu e aumentou a penalização, porém muitos condutores ignoram a Lei e insistem nesse erro. O uso de películas escurecidas dificulta ao Agente de Trânsito autuar os infratores. Sabedores disso, muitos abusam desse escudo da ilegalidade.
5 - NÃO UTILIZAR E NÃO RESPEITAR AS SETAS;
Muitos motoristas ainda persistem na insensibilidade pelo uso das setas. Fazem conversões e ultrapassagens sem acionar as setas. Isso é uma infração de trânsito e pode confundir tanto os outros motoristas como os pedestres que não imaginam quais as intenções que o imprudente motorista pretende.
É sim muito importante sinalizar com antecedência uma mudança de faixa ou efetuar uma conversão da via. Assim os demais se preparam para o devido ajuste na dinâmica do trânsito. Seu uso é uma atitude de segurança e o motorista deve estar atento para ter certeza de que após a manobra a seta desligou-se. Normalmente voltam com o giro do volante, mas algumas vezes isso não ocorre e prossegue muito tempo com a seta ligada provocando riscos com isso.
Aproveito para comentar sobre o pisca-alerta que muitos esquecem acionado e trafegam com as luzes piscando. O problema além de ser uma infração, não se sabe se foi acionada uma seta porque os dois lados estão acionados (???) Para onde ele pretende virar? A pergunta que se faz!
O uso de pisca-alerta é somente com o veículo imobilizado. Mesmo em dias de nevoeiro, chuva ou outros fatores adversos.
6 - NÃO MANTER DISTÄNCIA DE SEGURANÇA DO VEÍCULO À FRENTE;
Quem trafega sem manter distância suficiente do veículo à frente corre sérios riscos de provocar uma colisão traseira no caso do veículo adiante frear subitamente.
Além disso, o campo visual fica restrito e se o veículo desvia de um buraco o de trás não perceberá à tempo. Outro detalhe importante, transitar atrás de caminhões e ônibus muito próximo pode ser alvo de pedriscos e sujeiras remexidas pelos pneus e atirados contra o parabrisas. Isso pode riscar, danificar e prejudicar a visibilidade.
Quando se participa dos cursos de direção preventiva, é habitual a recomendação dos DOIS SEGUNDOS. Isso significa que o veículo da frente ao passar num ponto fixo de referência, pode ser uma placa, um viaduto, um poste etc, o motorista atrás mentaliza a contagem de dois segundos. Se passar pelo mesmo local antes, está muito perto. Se contar só depois, ótimo, a distância está mais adequada.
Essa regra é questionável, porém é melhor do que não ter nenhuma base. Para sermos mais precisos, algumas condições devem ser observadas,
Condições da via no momento (seca, molhada, com neve, gelo, limpa, suja, aclive, declive);
Tipo do pavimento (asfalto velho, asfalto novo, calçamento, concreto, terra batida, areia fofa, areia úmida, terra com pedriscos, etc);
Tipo do veículo (automóvel, caminhão, carreta, com carga plena, vazio, meia carga);
Velocidade no momento;
Condições climáticas e de visibilidade (chuva, nevoeiro, dia, noite, garoa, vento forte, fumaça etc).
Um veículo, seja um pequeno automóvel ou uma gigantesca carreta bitrem têm particularidades nos desempenhos cada qual com seus limites. Um automóvel pequeno consegue parar totalmente em menores distâncias do que um ônibus e este em menor distância do que uma carreta, Isso nos leva a refletir a condição de avaliar se estamos na frente de uma imensa carreta e ele está visualmente colado à sua traseira, é hora de deixá-lo ultrapassar para a sua segurança. Se você precisar parar por alguma emergência, ele não terá espaço para parar antes de afundar a sua traseira seriamente.
A Lei prevê isso como infração, com penalização de multa quando não se deixa a distância de segurança à frente e dos lados para evitar acidentes. Embora a Lei exista, cumprir é difícil pela subjetividade. O Artigo 192 do CTB considera a infração grave porém não estipula o que é uma distância de segurança. Não menciona metros ou nenhuma referência, todavia, mesmo que afirmasse isso, o Agente de Trânsito deveria estar munido de instrumentos dinâmicos de medições para calcular o quanto o veículo está separado do outro. Em resumo, uma Lei praticamente nula.
Existem estudos que são mais precisos sobre a questão da tração e resistência às derrapagens desde o início da frenagem até a parada total do veículo. Em breve farei um post específico sobre esse tema que será muito importante para motoristas dos veículos pesados refletirem.
Em resumo, um bom motorista conhece seu veículo e sabe o quanto de espaço é necessário para uma parada total. Portanto, respeitar esse espaço é poupar estresse, sustos e o pior, atingir a traseira de algum outro veículo por descuido das regras de distanciamento.
Aos condutores dos pesados, se engavetar um veículo de pequeno porte muito provavelmente haverá vítima fatal pelo esmagamento desse pequeno carro contra um terceiro à frente. Isso seria muito trágico e penoso para as famílias envolvidas.
Evite ser protagonista de um sinistro dessa natureza.
7 - UMA SÓ MÃO AO VOLANTE;
Apesar das muitas evoluções tecnológicas aplicadas aos veículos, até mesmo a dispensa do motorista em veículos autônomos, a necessidade das duas mãos ao volante ainda persiste, como Lei e como reais condições para uma direção segura.
Tanto é lógica essa necessidade que os principais comandos dos equipamentos nos veículos estão ao alcance dos dedos sem que se remova as mãos do volante, tais como chave de seta, faróis alto e baixo ou luz de posição, limpador de parabrisas, etc. Apenas o câmbio ainda é mantida a alavanca no console, mas com toques rápidos que permitem o retorno da mão ao volante à cada mudança executada.
A importância de ambas as mãos ao volante está na eventual necessidade de uma manobra rápida, evitar um atropelamento ou passagem sobre obstáculos imprevistos, efetuar curvas, enfim manter o veículo seguro no traçado da pista. Simples, mas é muito importante ajustar tudo antes de iniciar o movimento do veículo. Programe GPS, espelhos retrovisores, bancos, sua posição ideal para dirigir, só então inicie a marcha.
Por último, imagine você transitando na sua mão numa reta, tranquilo, dia claro, pista boa, de repente um caminhão em sentido oposto faz uma ultrapassagem imprudente e invade a sua pista. Sem tempo para que ele retorne à pista dele, seu único recurso é sair para o acostamento e reduzir sua velocidade segurando firme o volante para o veículo não se desgovernar. Mesmo com direção assistida (elétrica ou hidráulica) é fundamental suas duas mãos firmes ao volante para executar essas manobras.
Sua vida e dos seus passageiros podem depender disso!
8- CANSAÇO, FADIGA E SONO;
A luta contra o sono pode não ser apenas a vitória do oponente. Pode ser a derrota do motorista que persiste na atitude de dirigir sem a menor condição física. O cansaço acumulado, a fadiga e o sono são três geradores de sintomas previsíveis. Nunca dirija nessa condição, a derrota é iminente e um acidente com graves proporções pode ser o resultado final.
Os principais programas internacionais de prevenção de acidentes de trânsito recomendam que é necessário uma parada para revigorar o organismo a cada 3 horas de percurso ou 240 km.
Um exemplo nas campanhas contra dirigir fatigado na África do Sul.
Alguns sintomas que podem ser efeitos da fadiga:
Perda da atenção, percepção e concentração ;
Menor tempo de reação;
Diminuição da atenção do ambiente à sua volta:
Raciocínio prejudicado, julgamento e tomada de decisão;
Piscada de olhos mais prolongadas;
Mais riscos no comportamento (velocidade, andar colado)
Mau humor (triste), estressado (nervoso).
MUITO IMPORTANTE
Ao perceber que está fatigado, não hesite em procurar um local seguro e descanse para restabelecer sua condição de dirigir! Conheça a política da empresa nesse sentido se você estiver dirigindo veículo como empregado!
9 - NÃO OBSERVAR A VIA.
nosso país possui dimensões continentais e uma área contígua de mais de 8,5 milhões de km², porém possui apenas 12,4% da malha pavimentada de acordo com pesquisa da CNT Confederação Nacional do Transporte em 2018.
Nesses 12,4% de rodovias pavimentadas, 97,4% são pistas simples e a maior parte concentrada na região Sudeste. Com a frota nacional em torno de 100 milhões de veículos, a precariedade na mobilidade resulta em muitos acidentes e mortes anualmente. Em 2017 houve nas BRs 6.243 óbitos e 57.716 acidentes com vítimas.
O total das rodovias pavimentadas no Brasil em 2013 era 212.000 km. Como comparação, nos Estados Unidos a malha rodoviária chega a 4,2 milhões de km. Vinte vezes mais, conforme estudo da Revista Exame em 2013.
Imagem simbólica de rodovia precária (em outro país) - fonte Pixabay
O mau estado de conservação das vias pode ser resumido pela precária conservação com falta de planejamento para estabilidade dos veículos, drenagem das águas, buracos, desgastes acentuados, falta de acostamento, sinalização ausente ou deficitária ou ainda coberta pela vegetação, sem contar a falta de pistas duplas o que sem dúvidas aumenta consideravelmente a insegurança.
Os projetos de muitas rodovias datam de muitos anos passados e a engenharia naquele tempo não previu para os traçados veículos leves de elevado desempenho e que os caminhões chegassem aos atuais bitrens com PBTC Peso Bruto Total Combinado de até 74 toneladas e comprimento de 30 metros. Esse descompasso ocasiona danos estruturais nas rodovias além dos congestionamentos para comportar o aumento da frota nos últimos 20 anos.
Nas vias urbanas, o problema é semelhante com a avalanche de novos veículos as pequenas cidades que passaram a viver o drama dos congestionamentos e a falta de locais para estacionamentos. Nas localidades por onde as rodovias ainda não contornam as cidades por anéis rodoviários, o tráfego de carretas e bitrens danificam as ruas e avenidas causando afundamentos e depressões pela concentração de peso e pelos projetos viários superados pelo tempo.
Outro fenômeno que exigiu barreiras e rígidos controles municipais foi a introdução de muitas novas praças de pedágios e com tarifas pesadas que muitos motoristas de carretas e bitrens evitam desviando seus trajetos pelas rodovias e estradas vicinais. Esse assunto já rendeu inúmeros processos prós e contra. A economia é afetada pelos custos de pedágios, pois como exemplo, em março/2021 uma viagem de Salvador, BA para Rio Grande, RS com 3.290 km possui um custo de R$ 908,10 com pedágios para uma carreta bitrem de 9 eixos nas 18 praças de cobranças (somente a ida)
Acrescenta-se o comportamento dos motoristas aos problemas das vias e o resultado é péssimo em ocorrências com acidentes graves e entraves à economia e a sociedade.
Compete aos motoristas que façam as suas partes para que não agravem esse estado de problemas e transformem-se em vítimas ou causem acidentes que poderiam ser evitados com os cuidados adicionais.
DIRIGIR SOB CHUVAS
Talvez eu repita alguns assuntos já abordados ou com pouca diferença. Não importa que isso ocorra, pois a reafirmação de pontos relevantes é importante para melhor fixação dos mesmos.
Nesse ponto, coloco uma questão extremamente importante que é dirigir veículos sob chuva. Realmente um grande desafio de habilidade, atenção e concentração. Em rodovias de alta qualidade é menos ruim, então como nossas rodovias em geral não estão no topo da categoria, vale as recomendações.
Nesse momento de chuvas, o mais recomendado é eliminar todas as fontes de distrações. Conduzir sob chuva redobra a atenção necessária e quando associada com condições da via, à noite, com trânsito intenso em ambas os sentidos, é necessário extremo cuidado para manter o veículo sob controle.
Algumas observações pontuais:
•No início é escorregadia devido contaminações, por exemplo óleo;
•Quando é intensa reduz a visibilidade drasticamente;
•À noite torna-se mais complicada a visibilidade
•Deixa lâminas de água que ocasionam aquaplanagens;
•Embaça parabrisas e vidros e dificuldade de usar retrovisores;
•Outros motoristas cometem mais imprudências e ameaçam a sua posição;
•Oculta buracos, lombadas e irregularidades na via;
•Faróis têm redução da eficiência;
•Veículos em sentido oposto ofuscam à noite mesmo com faróis baixos;
•Freios tem atuação comprometida;
•Palhetas do limpador não vence as camadas de água nas chuvas intensas;
•Pedestres correm, abaixam a cabeça e podem ser atropelados por não se atentarem aos veículos. Guarda-chuvas atrapalham que eles enxerguem os veículos.
Todos esses fatores são preocupantes e no caso de uma chuva altamente intensa, o melhor é procurar um local seguro e aguardar até que a chuva cesse ou reduza para menor intensidade. Lembre-se de que não se deve utilizar o pisca-alerta com veículo em movimento. Mesmo achando que chamará a atenção, não deve ser usado. É contra as regras de trânsito e pode confundir algum outro motorista imaginando que você esteja parado.
Somente parar no acostamento em situações de reais emergências. Caso contrário, trafegue mais devagar com faróis baixos acionados até que encontre uma saída da via e estacione em local seguro.
Veículos com ar condicionado são ótimos para manter o interior sem embaçar. Não há necessidade de frio máximo, pode ser temperatura normal. O que desembaça é girar o difusor para o símbolo de parabrisas e colocar com recirculação. A umidade interna será logo dissipada e com visibilidade mais apurada. Se não houver ar condicionado, mesmo com chuva, abra um pouco os vidros dianteiros e o ventilador para o ar circular internamente. Informe-se sobre produtos ante embaçante de boa qualidade e mantenha no veículo para essas situações.
NÃO ABUSE DA VELOCIDADE E TAMBÉM NÃO REDUZA DEMAIS PARA NÃO CAUSAR COLISÃO.
Cuidado com as poças de água que podem ocultar buracos e desgovernar o veículo.
Se encontrar enchentes, evite atravessar em situações nas quais as rodas tenham mais da metade submersa. Se passar, não acelere exageradamente, mantenha uma marcha constante e tenha certeza de conhecer o local. Você pode ser surpreendido por uma depressão ou buraco oculto sob as águas.
Tentar passar com água além da "meia roda" pode ocasionar aspiração de água pelo coletor de admissão do motor e causar a parada instantânea com danos irremediáveis devido ao chamado calço hidráulico. Nesse caso você ficará ilhado e talvez seja necessário pedir ajuda para primeiro remover as pessoas e depois o veículo do local.
Até nosso próximo post!
Thyrso Guilarducci
Kommentare