Utilização racional dos veículos pesados
Prosseguindo nas questões de pesagem e carregamento dos caminhões, de fato é uma abordagem que merece muita atenção devido às inúmeras variáveis em modelos, tipos de cargas, distância entre eixos, rodados duplos ou simples, combinação de veículos, capacidade máxima de tração CMT, limites legais etc.
Vejamos outro exemplo prático nos esquemas a seguir:
Esse grande desafio é acentuado quando a carga no total alcança o peso máximo permitido. O PBTC - Peso Bruto Total Combinado, que repito: o peso do cavalo mecânico e do semirreboque vazios mais o peso da carga até o limite permitido.
A soma de ambos é o PBTC, no caso, por se tratar de uma combinação de dois veículos.
Se fosse apenas um caminhão simples, seria PBT.
Possíveis soluções
• Pesar o conjunto cavalo + carreta depois do carregamento. A balança deve ser igual às usadas nas rodovias. Pesar tudo junto não resolve a questão do peso por eixo(s). No Brasil isso é praticamente impossível devido inexistência de oferta.
• Antes de efetuar o carregamento, fazer um levantamento de cada volume a ser embarcado obtendo o peso. Mapear o piso do galpão de preferência com marcações a cada metro linear e do mesmo comprimento da carreta internamente.
• Sabendo-se o limite de peso que a carreta pode suportar dentro da Lei, dividir pelo comprimento do semirreboque. Exemplo, carregar até 31.000 kg e possui 15 m. Cada metro poderá ter 2.066 kg.
• Agora forme lotes à cada metro o mais próximo possível do total de 2.066 kg. Isso vai dar uma distribuição equilibrada. Obviamente nessa separação os volumes mais robustos e pesados devem ficar na base e os leves e frágeis no topo do carregamento.
• Outra possibilidade está no uso de containers gaiolas que podem consolidar a carga tal como uma paletização, porém mais seguro protegida pelas estruturas de lado, frente e fundos. Nesse caso, considerar o peso da gaiola vazia como carga adicional.
Como visto, um enorme quebra-cabeças para não incorrer no desbalanceamento do conjunto e ainda obedecer aos limites legais de peso total e por eixos.
LIMITES LEGAIS
No Brasil é adotada a sistemática de limites máximos para o PBT, PBTC e a pesagem por eixo ou conjunto de eixos. Também são considerados se o eixo possui rodagem dupla ou simples, se utiliza pneus convencionais ou os super largos. Isso tudo ainda se soma com a distância entre eixos, pois isso influencia nas referências.
De acordo com a tabela do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT, vinculado ao Ministério da Infraestrutura, Trânsito e Transportes, o PBT tem tolerância de até 5%. Exemplo, sendo o limite 19.000 kg de PBT, pode tolerar até 950 kg de excesso sem multa, o que totalizariam 19.950 kg. O que passar desse limite é sujeito a multa e retirada da carga excedente em peso.
Quanto aos eixos é mais tolerante e permite um excesso de até 10% em eixo ou eixos isoladamente. Por exemplo, um conjunto de 2 eixos com rodagem dupla com distância entre eixos de 1,21 até 2,40 m o limite é de 17.000 kg sendo tolerado 1.700 kg adicional. No caso, 18.700 kg sem multa. Se ultrapassar esse limite, a carga deve ser removida ou reposicionada para chegar ao máximo tolerável.
Importante: o fato de considerar 10% de tolerância nos eixos não significa uma liberação normal para todo o veículo. Se todos os eixos tiverem 10% de excesso, fatalmente incorrerá em excesso maior que 5% no PBT ou PBTC o que já ocasiona infração por excesso de peso. Vejam que é uma concessão limitada.
Concluindo esse tópico, o nosso foco não é pela metodologia de inteligência operacional para o embarque, supondo que a empresa embarcadora já possua esses recursos.
A abordagem é pela Segurança.
Devemos estar cientes da distribuição correta da carga sobre os eixos pois além das multas e transtornos com retirada de carga nas balanças ou remanejar para frente ou para trás ajustando pesagem por eixos, o que devemos ter em mente é que uma carreta ou mesmo um caminhão mal carregado fica instável e pode facilmente provocar um acidente, além dos danos causados no pavimento.
As multas obedecem a alguns critérios: infração por escala dos excessos. Além dos estágios, há ainda a classificação a cada 200 kg que exceda que juntos formam a penalização total. Não vou detalhar isso tudo por não se tratar do nosso foco mais precisamente.
Como concentramos a atenção na segurança, convém observar as causas que uma carga com excesso de peso ou mal distribuída no veículo pode ocasionar:
Nesse exemplo pode-se ver que o temido "L" pode ocorrer facilmente nessas situações, principalmente com pistas molhadas.
Com mais essas explicações, concluímos as principais observações sobre peso e arrumação da carga conforme a Lei da Balança e pela dinâmica dos veículos.
Até o próximo post e grato pela leitura!
Thyrso Guilarducci
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