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Writer's pictureThyrso Guilarducci

Workshop para grupo diversificado (Parte XIV)

Updated: Apr 17, 2021

Por que tombam tão facilmente os veículos pesados?



Esse assunto rende sempre muita atenção pelas graves consequências pelo tombamento dos veículos pesados. Normalmente resultam em vítimas com ferimentos diversos e óbitos, dependendo da extensão do acidente. Além disso, os grandes prejuízos com a perda ou elevados danos no veículo, na carga e em outros veículos e patrimônios, quando envolvidos e ainda os problemas com a rodovia que muitas vezes são afetadas no pavimento, contenções e obras de arte.


AS CAUSAS MAIS EVIDENTES


A velocidade incompatível é sem dúvida um grande fator que leva a um tombamento. Normalmente os veículos pesados possuem o CG - Centro de Gravidade mais elevado e distante do assoalho e do pavimento. Isso reduz drasticamente a estabilidade do veículo, principalmente em curvas acentuadas ou extensas.


Veja na sequência de imagens a seguir um tombamento de uma carreta que transitava pela BR-116 Régis Bittencourt no trecho de São Paulo a Curitiba. A velocidade elevada para o local e a constância da curva vão "empurrando" tanto o cavalo mecânico como o semirreboque para o lado externo da curva. Assim, como se fosse um elástico, a pressão do peso deslocando-se lateralmente vai concentrando a energia de expansão através da chamada Força Centrífuga.


Dessa forma, estando a pista seca e áspera, a aderência e tração são muito grandes e por essa razão não permite a derrapagem do veículo, o que é muito bom para manter o veículo sob controle, mas nessa hora, a conjunção da força centrífuga mais o deslocamento do CG resultam na inclinação do veículo começando pela traseira da carreta. Assim que a roda traseira da carreta se ergue do pavimento, a sequência é que todas as demais rodas do mesmo lado acompanhem essa dinâmica e por fim, o tombamento implacável.


Observem a sequência nas 12 imagens:
















Isso ocorre mais facilmente quando o centro de peso da carga é elevado. Por exemplo, nas figuras que se seguem, há três carretas baú sendo uma vazia, a segunda com carga e volume total e a terceira com carga pesada sem muito volume.


Vamos analisar cada uma delas na mesma curva e velocidade!




Qual das três carretas possui mais facilidade de tombamento?


A resposta seria a carreta 2 (do meio) carregada com 8.300 kg cuja carga embora leve, ocupa todo o espaço volumétrico, cerca de 100 m³. Devido a elevação da carga até o teto, o CG eleva-se e isso instabiliza a aderência nas curvas, mais do que as outras duas.


Em segundo lugar seria a carreta vazia que também tem o CG elevado porém com menor peso, não atinge o mesmo ponto da carreta 2, compensando pelo chassis e toda a estrutura inferior, incluindo as rodas.


E finalmente, a mais segura é número 3 com carga máxima em peso, porém com volume baixo. Toda a carga ocupa cerca de 90 cm de altura acima do assoalho e isso força o CG para manter-se mais rente por baixo e aumenta a segurança.


Repito que isso é válido para a mesma velocidade, no mesmo local em curva acentuada.


A Força G que empurra o veículo para fora da curva é medida em aparelhagem própria e conforme testes já realizados por especialistas, um carro de Fórmula 1 chega a ter 6G de resistência. Um automóvel de passeio, tipo hatch, cerca de 3,5 e um SUV 2,8 ou menos.


Um caminhão carregado 0,36


Observe quanta diferença de aplicação da força G o que faz o tombamento muito fácil. As recomendações persistentes são sempre lembradas que não basta seguir o limite da via. Numa rotatória por exemplo, um caminhão betoneira pode tombar a 25 km/h onde o limite é de 40 km/h. Ao entrar na rotatória e contornar 270 graus para alcançar a saída, o deslocamento progressivo do CG vai vencer a resistência dos pneus e com isso inclinar o veículo até tombar.


Nossos motoristas brasileiros, felizmente, na maioria não conhecem e operam nas rodovias dos Estados Unidos e Norte da Europa ou Norte da Ásia. Nesses locais a concentração dos fatores climáticos com o frio intenso provocam camadas de neve e gelo sobre as pistas tornando-as extremamente escorregadias. Nesses casos, não há diferenças entre automóveis, caminhões e ônibus. Todos deslizam incontrolados até atingirem alguma superfície porosa ou colidirem entre si ou algum obstáculo como barrancos, prédios ou guard rails. O mais perigoso não é a neve como muitos imaginam mas a camada de gelo que é praticamente invisível e muito mais lisa.


Veja em exemplo no vídeo abaixo




É comum em declives veículos deslizarem sozinhos ladeira abaixo independente de alguém ao volante, mesmo quando estacionados.


Em tese o motorista não cometeu infração, estava abaixo do limite mas, cometeu imprudência técnica em não reduzir drasticamente a velocidade antes de iniciar a rotatória.


Se essa possibilidade pode ter lhe surpreendido, imagine então uma operação de caminhão ou carreta basculante que pode tombar parado. Sim, isso mesmo. O veículo parado e ao erguer a caçamba para descarregamento, o veículo tomba para um dos lados pela simples razão do terreno ser desnivelado ou ceder pelo peso. Como a carga está muito elevada, o CG com um mínimo de deslocamento lateral é bastante para ocasionar um tombamento.


No vídeo abaixo uma rápida demonstração. Com o uso de um inclinador e um transferidor acoplado o o tombamento ocorre conforme a estabilidade da carreta. Nesse caso no vídeo a carreta estava vazia.


Ao colocar as cargas, conforme o tipo e altura o tombamento pode ocorrer com mais ou menos graus. Evidente que essa maquete é apenas uma ideia porque na realidade os veículos atuam com esforços dos pneus, da suspensão e das manobras.




Até o próximo post!


Obrigado pela leitura.


Thyrso Guilarducci






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